Item importante para manter uma boa qualidade de vida e um melhor rendimento no trabalho, a ginástica laboral conquista aos poucos o seu lugar nas empresas. Os exercícios parecem simples e inofensivos à primeira vista. Porém, mexer o corpo requer um certo grau de atenção. Por isso, é preciso orientação de um especialista, como fisioterapeuta ou professor de educação física. Um dos principais alertas é referente aos movimentos no pescoço, que requerem cuidados redobrados. Se forem mal feitos, podem causar contratura muscular e tontura.
Outra dica importante diz respeito ao conforto dos exercícios ativos e alongamentos, que não devem gerar dor. Em um movimento de esticar os braços, por exemplo, assim que você perceber que o músculo está alongado, é sinal de que chegou ao seu limite. Não force mais do que isso.
Apesar dos alertas, a ginástica laboral é uma atividade de baixo impacto, com raros casos de lesões. Antes de começar a se mexer, busque informações com um especialista. A partir daí, dedique-se. O resultado final pode ser a solução daquela velha dor nas costas, do desconforto nos ombros ou do incômodo ao mexer no mouse. Que o diga a técnica de enfermagem Karen Moroni, 24 anos, que trabalha em um residencial geriátrico. Karen é responsável em dar banho em quatro pessoas todos os dias, além de trocar as roupas delas. Isso significa levantar muito peso e uma dor nas costas quase incessante. - Comecei a fazer a ginástica laboral há cerca de seis meses. As dores diminuíram bastante, e meu trabalho rende mais - avalia.
Os exercícios de Karen são orientados por um grupo de três fisioterapeutas. Eles explicam que há três tipos de ginástica laboral: a preparatória ou de aquecimento, a compensatória ou de pausa e a de relaxamento. A mais comum é a compensatória, que costuma ser feita no meio do turno de trabalho, em torno de 10h30min ou 16h, momento no qual o trabalhador já sente algumas dores, e a tensão está se formando. - Fazer a ginástica nessa hora é bom porque alivia a tensão e dá novo fôlego - fala o fisioterapeuta Vinícius Fattori, que atua junto aos sócios Eduardo Teixeira e Ricardo Mahr no residencial onde Karen trabalha.
Na ginástica laboral compensatória, a ênfase dos exercícios é no alongamento ativo. Como se faz isso? Esticando os braços e as pernas e curvando as costas e as mãos, tudo para soltar o corpo e aliviar um pouco a musculatura. As sessões duram cerca de 15 minutos e incluem ainda movimentos no pescoço e ombros e relaxamento no final, com exercícios respiratórios. Na modalidade ginástica preparatória, os exercícios são realizados antes do trabalho começar. O foco nesse caso é aquecer os músculos, deixá-los preparados para os esforços que serão feitos durante toda a jornada. Isso previne lesões principalmente para quem trabalha muito com a força física, como carregadores de mercadorias. Se iniciarem as atividades com a musculatura fria, a chance de se machucarem é maior. A ginástica de relaxamento e descanso é feita no final do expediente, com o objetivo de aliviar as tensões musculares e diminuir o estresse emocional. Para isso, utiliza música, exercícios de respiração, massagem e toques. - Ao final dos exercícios, a pessoa fica bem mais tranqüila e sente os benefícios até mesmo na hora de dormir - explica Fattori. Segundo ele, os resultados são sentidos em pouco tempo. Em até três meses, é possível sentir a redução nas dores das pessoas que participam da ginástica. Depois de seis meses, nota-se uma queda também no número de afastamentos por motivos de saúde. A avaliação é feita com base em levantamentos individuais, em entrevistas com os participantes. As respostas vão para uma planilha que gera os resultados e mede a eficiência do trabalho.